sábado, 21 de fevereiro de 2009

Dewey - Um Gato entre livros - Vichi Miron


Este livre é muito lindo!
Emociona, arrepia, cutuca o nosso amor incondicional pelos gatos, faz tremer, sorrir, chorar de alegria e tristeza.
Dewey é lindo, meigo, fofo,brincalhão, responsável, teimoso, senhor de si, de sua dona, de seu lugar, mas com muito amor, carinho e respeito.
Um grande companheiro...como os nossos gatinhos.
Não deixem de ler esse livro.
Bom carnaval para nós!
By Gateira Capricorniana.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Escutatória - Rubem Alves


Eles sim; os felinos sabem bem o que é observar, escutar, inspirar e por isso mesmo se permitem amar e serem amados.

Escutatória - Rubem Alves

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória.

Todo mundo quer aprender a falar... Ninguém quer aprender a ouvir.

Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular.

Escutar é complicado e sutil.

Diz Alberto Caeiro que... Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores.

É preciso também não ter filosofia nenhuma.

Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas.

Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.

Parafraseio o Alberto Caeiro:

Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito.

É preciso também que haja silêncio dentro da alma.

Daí a dificuldade:

A gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor...

Sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer.

Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração...

E precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.

Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade.

No fundo, somos os mais bonitos...

Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64.

Contou-me de sua experiência com os índios: Reunidos os participantes, ninguém fala.

Há um longo, longo silêncio.

Vejam a semelhança...

Os pianistas, por exemplo, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio...


Abrindo vazios de silêncio... Expulsando todas as idéias estranhas.


Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala.

Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio.

Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos...

Pensamentos que ele julgava essenciais.

São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.

Se eu falar logo a seguir... São duas as possibilidades.

Primeira: Fiquei em silêncio só por delicadeza.

Na verdade, não ouvi o que você falou.

Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala.

Falo como se você não tivesse falado.

Segunda: Ouvi o que você falou. Mas, isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo.

É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.

Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.

O longo silêncio quer dizer: Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.

E, assim vai a reunião.

Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos.

E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.

Eu comecei a ouvir.

Fernando Pessoa conhecia a experiência...

E, se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras... No lugar onde não há palavras.

A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa.

No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos.

Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia...

Que de tão linda nos faz chorar.

Para mim, Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio.

Daí a importância de saber ouvir os outros: A beleza mora lá também.

Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Gabriel é o meu Pastor e ninguém me atacará.


"Eu sou aquele que te espera.
O teu carro tem um som especial e eu
posso reconhecê-lo entre mil.
Os teus passos tem um timbre de magia,
eles são música para meus ouvidos.
A tua voz é o sinal maior do meu
momento feliz.
E às vezes tu nem precisas falar... Eu ouço a tua
tristeza, eu sinto a tua alegria.
Como isso me faz feliz! Eu não sei o que é cheiro bom ou mal. Só sei que teu cheiro é o melhor.
De algumas presenças eu gosto. De outras, não! Mas a tua presença é a
que movimenta os meus sentidos.
Tu acordado me despertas. Dormindo és meu Deus em repouso.
E eu velo teu sono. Teu olhar é um raio de luz quando percebo teu despertar.
As tuas mãos sobre mim tem a leveza da paz.
E quando tu sais, tudo é vazio outra vez...
Eu volto a esperar
sempre e sempre. Pelo som do teu carro.
Pelos teus passos, pela tua voz.
Pelo teu estado às vezes inconstante de humor. Pelo teu cheiro.
Pelo teu sono sob minha vigília. Pelo teu olhar, pelas tuas mãos.
Eu sou feliz assim...